quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Constantino e a igreja

 Constantino foi declarado César enquanto estava em York em 306 d.C. O imperador Constantino declarou que o império não somente toleraria o cristianismo, mas devolveria aos cristãos todas as propriedades anteriormente confiscadas. Ele foi o primeiro imperador “cristão”, e tudo mudou quando o cristianismo saiu da marginalidade para se tornar a religião do império. Desde então, a Igreja não mudou muito. Nosso inimigo, o diabo, entendeu que se ele não podia parar a Igreja, ele deveria se juntar a ela e mudá-la de dentro para fora, no intuito de torná-la menos efetiva e menos ameaçadora. Com exceção de avivamentos ocasionais em grupos remanescentes, ele realizou seu propósito. E ele usou Constantino para lançar seu sinistro ataque.
Ao longo dos séculos, depois de Constantino, a Igreja ocidental progrediu em muitos aspectos, mas não passou por nenhuma mudança sistemática. Houve muito pouca mudança desde que o cristianismo era composto pela Igreja Católica Romana e a Igreja Grega Ortodoxa. A Reforma dividiu o cristianismo ocidental entre a Igreja Romana e a volátil Igreja Protestante. Mas apesar das diferenças, no âmbito institucional o sistema permaneceu praticamente intacto. Os anabatistas logo se separaram da reforma (e foram perseguidos por isso), mas rapidamente se institucionalizaram também.

Apesar das adaptações feitas para alcançar os mineiros de carvão do século XVIII na Inglaterra, ou os peregrinos pós-modernos do século XXI, as mudanças tem sido mínimas. 

Tradicional ou contemporânea, pentecostal ou presbiteriana, a igreja manteve sua roupagem institucional. Dos batistas aos Irmãos de Plymouth, dos menonitas aos metodistas, o sistema eclesiástico continua praticamente intacto ao longo dos séculos. Com música ou sem música? 

Órgão ou guitarra? Seja em catedrais com seus tetos altos e vitrais, ou em galpões sem janelas, o sistema é praticamente o mesmo.

Sua igreja tem um padre ou um pastor, um culto dominical com cânticos e um sermão, a oferta semanal, o púlpito, os bancos e um edifício. Essa tem sido a regra desde o século IV. 

Ainda que você mova todo o show para uma casa, se o sistema não mudou tudo o que você fez foi encolher a Igreja, não transformá-la. Adotar um estilo musical mais contemporâneo não muda o sistema. Diminuir as luzes e aumentar o volume é somente um remendo novo no velho sistema. Corais e hinos ou bandas de louvor, máquinas de fumaça, ajoelhando ou de pé, o sistema não muda quase nada. Pregar sermões tópicos ou expositivos não muda o sistema, somente faz alguns ajustes. Escolas bíblicas dominicais ou células como ambientes secundário de aprendizado não representam nenhuma mudança sistêmica, somente uma variação do velho sistema operacional.

Devemos nos lembrar de Constantino para não que cometamos o mesmo erro novamente. Precisamos despertar, uma vez mais, para a verdadeira natureza e expressão do Corpo de Cristo, que não é um prédio, um programa, um evento ou uma organização, mas uma família espiritual com um chamado e uma missão em conjunto. Precisamos entender, uma vez mais, que a igreja não é um prédio construído com blocos de cimento, mas um edifício construído com pedras vivas, que somos nós.

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